SOM DA CHUVA
Cada
vez que ouço o som suave da chuva, com as suas primeiras gotas a cair no telhado
ou no vidro da minha janela, entro em euforia.
Adormecer
com esta “música” natural para os ouvidos, deitar no sofá enrolado nas mantas,
ver televisão, beber um chá, torna-se um momento único, espetacular. Tocar na
ponta do nariz e senti-lo gelado, proteger as orelhas, lembrar da nossa comida
preferida, é entrar num estado de profunda ligação entre a mente e a alma.
Alguém
já beijou a chuva?
Talvez
essa sensação seja uma das mais românticas fantasias...
Eu já o fiz, porém o que tornou esse momento tão
especial não foi a chuva, mas sim o que estava a sentir naquele momento.
E
quem já saiu de casa quando está a cair uma chuva “molha parvos”, que nos vai
molhando pouco a pouco e nos faz pisar pequenas poças? Gosto de esperar um pouco até abrir o meu
chapéu-de-chuva e tento esconder a vontade que tenho de dançar e cantar no meio
da rua.
Geralmente
quando chove temos a mania de olhar para baixo e para a frente, para nos
protegermos dos pingos, mas... Será que já experimentaram olhar para cima? É
incrível! Não há nada mais belo, depois de uma tempestade, que o arco-íris
desenhado no céu e aquele sol tímido que nasce por detrás das nuvens. Depois da
chuva passar, as flores, o verde, as folhas brilham, os rios criam vida, o
mundo desperta do seu sono.
A
chuva é o poema da natureza, e tem um início, meio e fim. Vem de supresa, com
as nuvens que são os versos anunciadores da tempestade. Aos poucos, tudo
escurece, o céu ganha voz e nós, pobres mortais sobre esta terra, assustamo-nos
ou dançamos com a sua queda.
Rodrigo
Ruivo